É sabido que grande parte dos doces portugueses são conventuais, ou seja, vindos de conventos de freiras, e nada mais comum do que possuírem nomes alusivos a religião católica, por exemplo: Papo de anjo, queijinhos do céu , toucinho do céu ou fatias de bispo. Sabe-se que durante mais de setecentos anos estas receitas foram aprimoradas por freiras que prometiam o segredo das receitas por toda sua existência mundana .
Aliás eram moças
que foram escolhidas para freiras à força, nascidas no meio e oriundas de
famílias abastadas, como não cozinhavam em casa e tão pouco dentro dos
conventos e estavam enclausuradas para sempre em um local com fartura de
açúcar, ovos e amêndoas só podia dar no que deu, exímias consumidoras e
produtoras de doces.
Mas é um erro
pensar que estes institutos religiosos monopolizavam a produção da doçaria portuguesa. Segundo
Câmara Cascudo em seu excelente “ A
História da Alimentação no Brasil”, os doces produzidos em conventos eram
largamente comercializados nas portarias destes institutos religiosos por isso
a fama da doçaria portuguesa conventual
baseada em ovos e açúcar se espalhou
pela nobreza portuguesa e posteriormente
por toda a Europa. Posteriormente com o declínio das instituições religiosas com origem no sistema feudal as
mesmas freiras passaram a comercializar seus quitutes para ajudar na manutenção
dos próprios convento, quando finalmente em 1834 a coroa portuguesa acabou com
todas as instituições religiosas e as
freiras e um bocado de monges acabaram por espalhar as receitas mantidas em
segredo por séculos, é bem verdade que muitas dessas receitas foram retiradas
de dentro dos conventos.
E por falar nisso a doçaria portuguesa não teve início com
a chegada do açúcar na Península Ibérica
de 1454, ou 1455, nem tampouco com o domínio árabe naquelas terras que
supostamente teriam introduzido o mel em Portugal, trazendo os bolos de mel, o
alfenim e a alféola. A doçaria já estava presente desde as várias invasões de
outros povos centenas de anos antes dos mouros resolverem estabelecer-se
naquele país irmão(CASCUDO, 2011).
Referencias :
Cascudo, Luis da Câmara. História da Alimentação no
Brasil. São Paulo: Global, 2011.
Internet: Consultado em 26.11.2012.
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